“Mushoku Tensei”: o valor de uma segunda chance

Rafael Serfaty
16 min readFeb 27, 2021

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Magos, dragões, elfos e demônios. O gênero fantasia não atrai tantos fãs por acaso: ele trabalha com a nossa imaginação ao fugir radicalmente da realidade, explorando mundos fantásticos acerca do que não é/não foi. No Japão, em particular, esse apreço é ainda maior em relação ao resto do planeta[1], tanto que as duas maiores bilheterias do país são Demon Slayer: Infinity Train e A Viagem de Chihiro. No entanto, o excesso de títulos do gênero contaminou a indústria de animes, resultando numa sucessão de produtos medíocres e derivados. Desse modo, é revigorante ver obras que saiam da mesmice, como Mushoku Tensei.

O anime conta a história de um otaku fracassado de meia idade, que morre em um acidente após ser expulso de casa. Surpreendentemente, ele renasce no corpo de uma criança em um estranho mundo novo, repleto de espadas e magia. Conservando as memórias da vida passada, a sua nova identidade é Rudeus Greyrat.

Sinopse à parte, Mushoku Tensei é um isekai: subgênero de light novels, mangás, animes e jogos eletrônicos de fantasia caracterizado por um protagonista normal sendo transportado ou preso em um universo paralelo. Esse tipo de história ganhou bastante destaque nas produções japonesas, tanto que, segundo o top 20 de popularidade do MyAnimeList, há dois títulos com este modelo narrativo: Sword Art Online (5º) e No Game No Life (17º).

Uma produção ambiciosa

Originalmente, Mushoku Tensei era uma web novel[2] hospedada no site Shosetsuka ni Naro[3] entre 22 de novembro de 2012 e 3 de abril de 2015. Em apenas um ano de serialização, a Media Factory adquiriu os direitos de publicar a história em formato de light novel[4] sob sua marca da MF Books. Desde então, esta adquiriu popularidade considerável. É a 8ª mais bem cotada dentre os usuários do MyAnimeList, além de ser a mais vendida da editora — no total, a novel e o mangá[5] têm em circulação mais de 2.2 milhões de cópias. A recepção foi positiva a ponto da série, com 24 volumes até o momento, ter figurado quatro vezes no top 10 da Kono Light Novel ga Sugoi![6]. Tendo em vista que em junho de 2017 anunciaram o anime de The Rising of the Shield Hero (cuja obra original é da mesma editora, e bem menos popular que Mushoku), era questão de tempo adaptarem a saga de Rudeus para a TV.

Considerando o vasto material fonte, seria um desperdício fazer um mero lançamento de temporada, adaptando os arcos iniciais e ficando por isso mesmo. Felizmente, não é o caso. Responsável pela animação da série, o Studio Bind foi fundado em novembro de 2018 como uma joint venture[7] entre o estúdio de animação White Fox e a empresa de produção, planejamento e gerenciamento Egg Firm. Seu primeiro trabalho foi no anime Karakuri Circus para os episódios 22 e 31, enquanto o primeiro da empresa como estúdio de animação principal é Mushoku Tensei — o grande objetivo da parceria. Trabalhando no projeto há quatro anos, a ideia era criar um planejamento perfeito para a adaptação.

“A história original é uma história muito sólida, e é tão longa como um grande drama de TV, então, como produtor, comecei criando um sistema de produção que me permitisse visualizá-la como uma animação. Depois de muita deliberação, acabei construindo um novo estúdio de produção para esse trabalho (risos). Eu sabia que seria um caminho difícil, mas na verdade, foi muito difícil. O produtor do Studio Bind, Hisaya Otomo, e o diretor Manabu Okamoto reuniram uma equipe sólida, e a qualidade da direção, desenho, arte e fotografia é um testemunho da dedicação da equipe.” — Nobuhiro Osawa, CEO da EGG Firm

Fonte: Anime Senpai

De fato, a produção detém um capricho admirável. O anime apresenta um visual deslumbrante, com polidez nos detalhes e cenários de cair o queixo. Além disso, a arte é crucial para a narrativa: brilhante e colorida na maior parte do tempo, para depois escurecer quando as coisas ficarem perturbadoras e profundas — mérito, também, da ótima iluminação.

Igualmente eficaz é o tema de abertura: uma melodia única, num misto de medieval e fantasia. Esta prepara o palco para a história e cria uma sensação de imersão antes de cada episódio. E a escolha de não ter uma opening propriamente dita — passando as cenas com a música ao fundo — realça o foco na aventura em si. Ou seja, o estúdio intenta explorar ao máximo a duração de 23 minutos.

Porém, de nada adianta tamanho esmero sem uma direção precisa, a qual, neste caso, ficou nas mãos de Manabu Okamoto. Abdicando do costumeiro plano estático em terceira pessoa, o diretor entrega diversos takes com perspectivas diferentes da habitual, como câmera subjetiva[8], rack focus[9], visão de Deus[10] e arc shot[11]. Isso se traduz não só nas cenas de ação e magia, mas também nas de comédia, em que muitas vezes basta a sugestão para atingir o efeito cômico. E até plongée[12] e contra-plongée[13] são utilizados.

Em um mercado de animes que prioriza cada vez mais a quantidade à qualidade, é recompensador ver trabalhos como o do Studio Bind. Ao estabelecer um planejamento sistemático e contínuo de longo prazo, sem uma demanda abusiva por rapidez, criou um ambiente onde os produtores possam se concentrar na série de maneira adequada. Assim, entrega um primor técnico invejável, que só não supera a força da narrativa.

A vida passada como comentário social

Rudeus assistindo pornografia em sua vida anterior

Antes de reencarnar, Rudeus era o chamado hikikomori, termo que significa literalmente “isolado em casa”. A denominação é usada para referir-se a pessoas em reclusão social há mais de seis meses e, segundo uma pesquisa do governo japonês, abarca cerca de 541 mil habitantes (1,57% da população) no país. Contudo, acredita-se que o número total é muito maior, uma vez que estas pessoas podem levar anos até pedirem ajuda.

Caso grave de saúde pública, milhares de jovens se encontram nesta situação devido ao alto grau de perfeição exigido pela sociedade japonesa. Tamanha pressão faz muitos desenvolverem problemas psicológicos, como autoestima baixa[14], medo das pessoas e, em alguns casos, até tendências à sociopatia.

Vejamos o caso de Rudeus: um obeso que sofria bullying em sua vida anterior. Embora o foco, naturalmente, seja sua vida nova, o anime nos faz entender como ele chegou a uma condição tão deplorável. Para tal, apresenta flashbacks pontuais no começo da série, junto a voice-overs do próprio personagem.

Ijime, o bullying japonês

O bullying possui características universais: envolve prática de atos violentos, intencionais e repetidos contra uma pessoa indefesa, que podem causar danos físicos e psicológicos às vítimas. Além disso, o bully prefere atacar sempre a vítima mais frágil e “inocente”, ou seja, aquelas pessoas que não sabem como se defender. O problema é que no Japão há um agravante considerável.

“No Japão há um ditado muito famoso que diz: ‘O prego que se destaca leva martelada’. (…) E as rígidas normas sociais, as altas expectativas manifestadas pelos pais e a ‘cultura da vergonha’ fazem com que a sociedade japonesa seja terreno fértil para sentimentos de inadequação e o desejo de querer se esconder do mundo.” — Takahiro Kato, professor de psiquiatria na Universidade de Kyushu

Fonte: BBC News Brasil

Tendo em vista que o país, conservador e coletivista, valoriza sobretudo a ética, a disciplina e a submissão ao sistema, parece que ser “diferente” lá é muito pior do que no Brasil. No caso de Rudeus, até as proporções de seus genitais viraram motivo de chacota, tornando-lhe vítima de uma experiência bastante traumática. Assim, este decidiu romper de vez com o convívio social. Sua autoestima, já baixa pelo sobrepeso, afundou ainda mais. Afinal, como sair de casa após ser humilhado em público? Por conseguinte, desenvolveu ansiedade, depressão e outros transtornos psicológicos.

Rudeus sofrendo bullying, em flashback de sua vida passada

A condição ainda é tabu na sociedade japonesa, e muitos a confundem com vagabundagem. Pior, até quando querem ajudar, muitos pais não recorrem a psicólogos por vergonha. Não por acaso, a família do personagem não soube lidar com o problema da melhor forma, deixando que o sujeito adentrasse num buraco sem fundo. E o próprio Rudeus tampouco se importou[15].

“No Japão, as pessoas prezam muito pela sua imagem, e tentam evitar ao máximo cometer algo que possa manchar sua reputação. Mas se passarem por uma vergonha pública, a renúncia é certa na maioria dos casos. E a retratação com a sociedade ainda pode ser mais drástica como tirar a própria vida.” — José Nilson, redator do Japão em Foco

Fonte: Japão em Foco

Na escuridão da internet

Após décadas de confinamento em casa, qualquer pessoa normal ficaria com a mente deturpada. Rudeus não foi diferente: sem ter novas interações “cara a cara”, adquiriu medo das pessoas e, com isso, medo de sair do quarto. Para não surtar, trocou a realidade por mundos de fantasia, extraindo alegria da ficção[16]. Na prática, sua vida se resumia a mexer na internet diariamente. “Algumas pessoas podem ficar mais isoladas usando a tecnologia, o que torna esse isolamento mais resistente e grave”, diz TaeYoung Choi, psiquiatra e pesquisador que trabalhou no estudo pela Universidade Católica de Daegu na Coreia do Sul.

A falta de contato com pessoas, junto ao sentimento de inadequação com o próprio corpo (“como fazer sexo com essa aparência?”), também estimularam Rudeus a consumir pornografia. Segundo matéria do G1, alguns dos principais motivadores são: sentir prazer livre e individual; válvula de escape em casos de desilusão, solidão ou carência. Ambos os fatores se encaixam perfeitamente no conturbado protagonista, e isso ganha maiores contornos ao considerarmos a potente indústria de hentai[17] japonesa, a qual possui mais buscas no Google do que a própria palavra anime. Amplamente consumido por homens, é um prato cheio para figuras como Rudeus, perdidas em mundos fictícios. E sobra até para os videogames — no caso, eroges[18].

“Os animadores criam novos jogos porque há uma demanda por eles e porque retratam coisas que os jogadores não têm coragem de fazer na vida real, ou que podem ser ilegais, esses jogos são um saída para o desejo suprimido.” — Narayan Reddy, sexólogo

Fonte: Wikipédia

Por essas e outras, Mushoku Tensei merece elogios. Enquanto a maioria dos isekais ignora o passado dos protagonistas, atirando-os nos mundos de fantasia sem maiores explicações, a série dá uma profundidade louvável a temas polêmicos. Saber o porquê de Rudeus ser assim é fundamental para compreender sua intrigante personalidade.

O pervertido camuflado

Rudeus espionando cenas eróticas

Há uma tendência natural no público em sentir empatia pelos mais frágeis. No caso de Rudeus, trata-se de um sujeito que, após uma vida terrível, recebe uma nova oportunidade. Muito fácil de adquirir nossa simpatia, certo? Não exatamente. Ao contrário de boa parte das obras do gênero, que apresentam (aborrecidos) protagonistas de caráter idôneo, Mushoku Tensei adota um caminho corajoso: concebe Rudeus como um pervertido. Mas para entender isso melhor, é preciso destrinchar suas raízes na cultura japonesa.

Um país envelhecido

Segundo dados de junho de 2019, a população japonesa foi estimada em 126,3 milhões de habitantes, com o Japão sendo, atualmente, o décimo país mais povoado do mundo. Seu tamanho foi atribuído às altas taxas de crescimento que ocorreram durante o final do século XIX e começo do século XX. No entanto, isso vem se reduzindo devido a fatores como a baixa fertilidade e o baixo número de imigrantes: a população japonesa pode diminuir a 100 milhões em 2050, e 64 em 2100. E há informações ainda mais alarmantes.

De acordo com o Agência Brasil, o número estimado de nascimentos no Japão em 2019 caiu para 864 mil, o mais baixo desde que se iniciaram os registos em 1989. Além disso, o número de óbitos também atingiu um recorde nesse ano, com um declínio natural da população de 512 mil, o mais alto desde o pós-guerra. Os dados do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar revelam ainda que o número de casais que se juntou em 2019 caiu cerca de 3 mil. Já o número de casais que se divorciou aumentou em cerca de 2 mil.

Com uma população superenvelhecida[19], espera-se um déficit financeiro no país, afinal, haverá maiores gastos em saúde, fora a diminuição da força de trabalho. Visando contornar essa situação, o governo japonês estabeleceu uma meta para aumentar a taxa de natalidade para 1,8 em 2025 e, assim, conseguir manter uma população de cerca de 100 milhões de pessoas até 2060. Involuntariamente, o ecchi surge como uma das estratégias adotadas.

Ecchi é um termo japonês que refere-se a relação sexual ou amostra de muita sensualidade. No Ocidente, este é mais associado a animes, mangás, ou jogos que apresentem a sensualidade como principal tema, como obras softcore[20]. Como o Japão é um país velho que necessita de crianças, há uma sexualização exagerada em diversas obras por uma questão cultural. Em tese, serve de contraponto à falta de interesse dos homens nas mulheres japonesas. E isso é tão comum lá que elementos ecchi, vez ou outra, pipocam em obras que não integram o gênero propriamente dito.

Veja bem, estamos entrando em um terreno perigoso. O Japão é um país bastante conservador, e esse machismo se reflete nos animes. Pior, há a normalização do abuso sexual, com muitas vezes isso servindo de alívio cômico dentro dessa mídia. Ou seja, o assédio é retratado sem maiores consequências. E é aí que entra Mushoku Tensei: um dos poucos a usar o ecchi de modo a, efetivamente, contribuir para a narrativa.

Rudeus, o canalha

É fácil não gostar de Rudeus. O personagem é um tremendo pervertido que, aos seus 34 anos, reencarnou no corpo de uma criança num mundo de fantasia — possuindo a “camuflagem” de um corpo infantil enquanto conserva memórias da vida passada. Este mundo, por sua vez, apresenta traços medievais e uma sociedade bastante misógina. Ou seja, é basicamente um paraíso para assediadores.

Nesse contexto, o protagonista não perde tempo, cheirando calcinhas e tomando outras atitudes dignas de um tarado. Até por isso, a obra tem gerado polêmica na comunidade otaku, a ponto de ter sido retirada da plataforma chinesa de streaming Bilibili. O motivo? Um influenciador chinês chamado Lex Burner e seus seguidores. Em um de seus vídeos, Burner afirma: “Esse é um material que só os pobres poderiam gostar porque são eles que se sentem identificados com o protagonista da história. Simplificando, Mushoku Tensei é uma bandeira que promove a mediocridade“. Após esse episódio, os seguidores de Burner teriam abusado da opção que a plataforma oferece de denunciar conteúdo de baixa qualidade — não dando outra alternativa aos donos do site. No entanto, há um detalhe fundamental que Burner desconsiderou: Rudeus não é um personagem de autoinserção[21], de modo que o próprio autor reconhece o seu caráter desprezível.

“Tem muita gente que não consegue aceitar que em Mushoku Tensei o protagonista continue sendo um pervertido mesmo depois de reencarnar. É o mesmo na obra original. Mas não é como se ele tivesse muitos arrependimentos por ter sido um pervertido em sua vida anterior. É por isso que na isekai ele não pensa necessariamente: ‘Vou viver a vida seriamente! Isso também significa deixar de ser um pervertido!’” — Rifujin na Magonote, autor de Mushoku Tensei

Fonte: Anime News Network

A obra é bem-sucedida em criar um contexto por trás do comportamento censurável de Rudeus. Ao mostrar o passado do protagonista como hikikomori, o espectador é convidado a observar as consequências da reclusão por mais de uma década na saúde de um envolvido sob todos os aspectos — incluindo a dependência de hentais e derivados para aflorar seus hormônios. Este cenário torna-se propício para o desenvolvimento de uma mentalidade misógina, sobretudo numa sociedade como a japonesa.

“Mas como simpatizar com um cretino desses?”, questiona o leitor. Eis o pulo do gato: Rudeus aparenta ser, no fundo, um cara do bem. A morte que resultou em sua reencarnação, por exemplo, foi ocasionada por salvar alguém de um atropelamento — recebendo o impacto no lugar. E no próprio mundo novo, embora não o leve a sério num primeiro momento, o protagonista aos poucos vai evoluindo enquanto pessoa, deixando sua perversidade de lado. Junto a isso, cria vínculos e ajuda aqueles que valoriza.

“Falando provisoriamente, no trabalho original, ele é 100% pervertido e 0% sério no momento em que nasce. Quando ele decide “viver a vida seriamente”, fica com 20% de perversidade e 80% de seriedade, mas como o anime não inclui aquele momento de mudança, a proporção de perversidade parece maior em comparação com o trabalho original.” — Rifujin na Magonote, autor de Mushoku Tensei

Fonte: Anime News Network

Roxy, mestra de Rudeus

Outro detalhe interessante são os seus monólogos internos, cuja voz grave de adulto (proveniente da vida anterior) dá um imenso contraste ao fofo exterior infantil. Assim, permite algumas tiradas perspicazes, em que somos cúmplices de seu segredo enquanto os demais não fazem ideia desse fator. Todavia, não é como se ele fosse realmente um adulto no corpo de uma criança. Até pelo extenso confinamento, sua maturidade regredia de modo proporcionalmente inverso ao seu corpo, cada vez mais velho. Na prática, ambas as idades ficam se digladiando em seu interior.

O ponto é que as piadas sexuais fazem sentido dentro dessa conjuntura. Salvo uma ou outra exceção, não é um alívio cômico tosco. Servem, na verdade, como reflexo da personalidade de Rudeus, construída a partir de seus traumas. E quando o protagonista toma alguma atitude problemática além da conta, daquelas que causariam um “ponto de ruptura” com o espectador, sua consciência pesa ou ele sofre alguma punição. Ou seja, seu comportamento não é glorificado. É como se o autor, discretamente, estivesse nos avisando para não seguir seu exemplo. Afinal, ele precisou chegar ao fundo do poço para desenvolver esses traços.

“Acho que à medida que seu nível de compreensão aumenta, ele comete menos ações criminosas e outras coisas que ignora os sentimentos das outras pessoas. No entanto, sua natureza fundamental como pervertido não mudará, então se você é uma daquelas pessoas que pensa que ser pervertido em si é ruim, espero que não se preocupe muito!” — Rifujin na Magonote, autor de Mushoku Tensei

Fonte: Anime News Network

Rudeus é um canalha, e não devemos passar pano para seus atos. No entanto, é importante compreender por que ele age assim, reconhecendo que, aos poucos, esse sujeito falho está buscando superar seus traumas e, com isso, tornar-se alguém melhor. Esbanjando carisma e autenticidade, ele, mais do que ninguém, está disposto a aproveitar essa segunda chance.

Notas de rodapé:

[1] Com pouco mais de 11 mil títulos catalogados, cerca de 30% das obras do MyAnimeList integram o gênero fantasia. É o terceiro mais popular do site.

[2] São histórias escritas diretamente para a internet, sem uma padronização entre séries de números de linhas por capítulo; normalmente, web novel é quando o autor está escrevendo e quer divulgar o trabalho, sendo uma distribuição gratuita e que qualquer pessoa pode ler, podendo receber ou não ilustrações futuramente que façam parte da história.

[3] Shōsetsuka ni Narō (literalmente “Vamos Tornar-nos um Romancista”) é um site de publicação de romances japonês gerado por usuários e criado por Yusuke Umezaki. Foi lançado em 2 de abril de 2004. Os usuários podem fazer upload de seus romances gratuitamente e os romances também são gratuitos para ler. O site hospeda mais de 400.000 romances, tem cerca de 800.000 usuários registrados e recebe mais de 1 bilhão de visualizações de página por mês.

[4] As light novels são romances ilustrados geralmente no estilo anime/mangá, compilados de revistas ou sites na internet.

[5] Uma adaptação para mangá por Yuka Fujika começou a ser publicada em outubro de 2014.

[6] Kono Raito Noberu ga Sugoi! (This Light Novel is Amazing!) É um guia anual de light novel publicado pela Takarajimasha. O guia publica uma lista dos dez romances leves mais populares de acordo com leitores pesquisados ​​na Internet e votos de “colaboradores” (críticos, influenciadores e outras pessoas relacionadas à indústria de romances leves).

[7] Empreendimento conjunto ou empresa conjunta é um modelo estratégico de parceria comercial ou aliança entre empresas, visando desde uma simples colaboração para fins comerciais e/ou tecnológicos até a fusão de sociedades em uma única empresa, não implicando a perda da identidade e individualidade como pessoas jurídicas das participantes.

[8] O olhar do personagem, a que o olhar do espectador se integra em maior ou menor grau.

[9] Uma súbita mudança na profundidade de campo que direciona seu olhar para alguma coisa diferente que está sendo mostrada na tela.

[10] Captura um ângulo aéreo colocando a câmera diretamente acima do assunto. É uma visão onisciente usada para transmitir uma perspectiva chocante ou não natural para o espectador.

[11] Um tiro de arco é uma técnica de câmera onde a câmera circula ao redor do assunto em um semicírculo, ou arco. Por sua vez, um disparo de rastreamento de 360º é um tiro de arco que gira 360 graus completos. Isso pode criar cenas mais complexas e envolventes, criando movimento e alterando o plano de fundo. Tiros de arco também podem ser usados ​​para marcar transições e criar suspense.

[12] Quando a câmera está acima do nível dos olhos, voltada para baixo. Também chamada de “câmera alta”.

[13] Quando a câmera está abaixo do nível dos olhos, voltada para cima. Também chamada de “câmera baixa”.

[14] Em pesquisa de 2014, apenas 7,5% dos japoneses se sentiam satisfeitos em relação a si mesmos.

[15] De acordo com uma pesquisa do governo japonês, 47% desejam ajuda profissional, mas apenas 44% de fato buscaram. Ou seja, Rudeus integra a estagnada parcela de 80% dos hikikomoris.

[16] Muitos hikikomoris são viciados em animes, jogos, videogames ou criam mundos fantasiosos, melhores do que sua realidade.

[17] Fora do Japão, hentai é pornografia de anime ou mangá. Em japonês, no entanto, “hentai” não é um gênero de mídia, mas qualquer tipo de desejo ou ato sexual perverso ou bizarro.

[18] Eroge é um gênero de jogos de computador que possuem algum conteúdo erótico, geralmente desenhado no estilo anime/mangá.

[19] Quase 30% dos japoneses possuem mais de 65 anos.

[20] Softcore é um gênero pornográfico contendo apenas nudez, sexo e cenas sexualmente sugestivas, mas onde a presença de cenas (ou fotos) contendo pênis eretos, penetração e ejaculação é vetada.

[21] Autoinserção é um fenômeno literário no qual um personagem fictício, que representa o verdadeiro autor de uma obra de ficção, aparece como um personagem idealizado dentro dessa ficção, abertamente ou disfarçado.

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